
Vermelho, branco, verde, azul, preto, amarelo são cores que estão presentes em camisas e bandeiras pelos estádios mundo afora. Cada qual transmitindo sensações, significados, representando um time ou uma comunidade inteira. A verdade é que no processo de formação de identidade de um clube as cores desempenham papel central. De um lado para definir a identidade comunitária para si mesmo, como ilustra o caso de dois times da mesma cidade, o Everton e o Liverpool. O primeiro, criado em 1878, tinha como cor o azul, porém pouco tempo depois mudou para o vermelho. No entanto, um grupo de jogadores abandonou o clube e, em 1892, fundou o Liverpool, adotando o azul. Mas em 1896 o Everton retornou ao azul e o rival passou ao vermelho, que o identificou de tal forma que passou a ser o apelido do time (Reds).
Essa questão das cores aparece também na conotação sociológica dos diferentes tons de vermelho do Milan, do Torino e da Roma para sugerir clãs do proletariado urbano e nos tons de azul da Internazionale e da Lazio que apontam, respectivamente, clãs da burguesia urbana e da aristocracia fundiária. E por questão ideológica a seleção holandesa trocou as cores nacionais (vermelho, branco e azul) pelo laranja da dinastia Orange, que no século XVI libertou o país da ocupação espanhola. Do mesmo modo a seleção italiana não utiliza as cores da bandeira (verde, branco e vermelho) no uniforme, e sim, desde 1912, o azul da dinastia de Savóia, que governava o país. Daí seu apelido futebolístico Azzurra.
Por coincidência ou não o vermelho é uma das cores que predominam nos campos de futebol. Tal cor está associada à maior nível de testosterona e, por conseguinte, agressividade e capacidade física. Um dos fundadores do Milan, Herbert Kelpin, explicou a escolha das cores do clube: “optemos pelo vermelho porque somos diabos. Coloquemos um pouco de preto para dar medo a todos”. E a cor do diabo assim caracteriza os times que a adotam: Manchester United ou Red Devils, Independiente ou Diablos Rojos e a seleção belga conhecida como Diables Rouges.
O Brasil, com identidade nacional ainda em construção quando da introdução do futebol, abandonou o branco usado até a Copa de 1950 pela seleção nacional para utilizar a clássica amarela ou Canarinho.
Assim sendo, as cores dos uniformes e escudos dos clubes além de diferenciar as equipes dentro de campo, seguem representando também a história desses clubes e dos seus torcedores.